quarta-feira, 25 de maio de 2011

G. K. Chesterton – O Santo da Blogsfera

Ele amava o debate e a controvérsia, mas ao mesmo tempo, conseguiu manter-se magnânimo ao seu inimigo.

Tenho notado nas respostas às minhas duas últimas postagens no blog que algumas pessoas ficam extremamente esquentadas sobre certas questões como ‘direitos das mulheres’, ‘o fantasma da superpopulação’ e assim por diante. As vezes parece que não é possível conduzir um debate sério sem querer dar verbalmente um soco na cara do seu adversário. Qual é o antídoto? Amar seu adversário mesmo quando você explica a ele que seus argumentos são superficiais, ignorantes, irracionais ou confusos; mais fácil falar do que fazer. Havia um homem que amava o debate, a controvérsia e a argumentação, e ao mesmo tempo conseguia se manter magnânimo ao seu inimigo: este era G. K. Chesterton. Acabo de ler "The Holiness of Chesterton", editado por William Oddie, e refletindo que Chesterton teria entrado na blogsfera com entusiasmo. Palavras escritas e respostas rápidas vem para ele naturalmente; idéias e imagens flui incessantemente de sua pena. Diante da brigada ateísta ele teria feito bolhas e faiscado, rindo e se lançando, pronto para vencer assim como para vencer.

Em sua introdução, Oddie cita Chesterton em S. Tomás de Áquimo: A produtividade enorme de S. Tomás, comenta Chesterton, não poderia ter sido alcançada, "se ele não estivesse pensando mesmo quando não escrevia; mas acima de tudo pensando combativamente. Isso em seu caso, certamente não queria dizer rancor ou amargura ou falta de caridade, mas isso quer dizer combativo. Por uma questão de fato é geralmente o homem que não está pronto para argumentar, que está pronto para zombar. É por isso que na literatura recente tem havido tão pouca argumentação e tanto escárnio."

Não havia escárnio nas composições de Chesterton. Ele teria desprezado como um tom de voz, bem como seus companheiro, a amargura e o rancor. Ele também foi santo, porquê ele amava a verdade e amava as pessoas; porquê ele odiava a farsa e a hipocrisia; porquê ele foi generoso e humilde. "Santidade" é uma categoria estranha ao ateísmo, que cheira a trapaça cristã e hipocrisia. Se os ateus pudessem apenas pensar em santidade como um homem muito grande, engraçado e generoso, sincero e bem humorado, cheio de fé e irradiando felicidade, eles teriam alguma idéia do que se trata.

Olhando para trás em sua vida Chesterton certa vez a descreveu como "indefensavelmente feliz", a felicidade de um homem que encontrou a pérola de grande valor e quer compartilhar com todos que ele encontra. Vamos rezar pela sua canonização, como o futuro santo da blogsfera.

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Autor: Francis Phillips
Fonte: CatholicHerald.co.uk
Tradução minha

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Certo onde estávamos errados

Durante o curso de seu longo pontificado, o Papa João Paulo II escreveu grande volume de Cartas Apostólicas, Encíclicas e outros documentos exortando os fiéis da Igreja Católica em várias matérias da fé: reforçar sua vida de oração, aderir ao ensinamento da Igreja sobre o aborto e a contracepção artificial, ter a devida reverência pelo Santo Sacrifício da Missa e pela Eucaristia, ter uma boa compreensão da Doutrina Social Católica (Distributismo), aderir aos ensinamentos morais Católicos, a importância da razão como um complemento à fé, e talvez o mais importante, reafirmar a autoridade magisterial da Igreja, numa época em que a maioria acredita que ela seja uma irrelevante relíquia do passado.

Que efeito tem feito as encíclicas? Bem, não parece haver qualquer ressurgimento de interesse em S. Tomás de Aquino. Católicos ainda estão abortando e usando da contracepção no mesmo rítmo que a população geral. O que lemos acerca de frequentar a Igreja, os políticos Católicos pró-aborto indicam que eles ainda possuem uma aproximação um tanto casual ao Sacramento Católico da Eucaristia. E nós não temos visto nada para nos convercer de que os Católicos são mais bem informados sobre a subsiariedade ou o Distributismo do que qualquer pessoa.

Assim pode parecer razoável concluir que João Paulo II teve pouca influência sobre o seu rebanho, apesar de sua enorme popularidade.

Naturalmente, o impacto total dos 26 anos de pontificado de João Paulo II só pode ser julgado pela história, mas já detectamos um paradoxo que Chesterton teria apreciado: O fato de que extensos ensinamentos de João Paulo II são amplamente ignorados não é um sinal de fraqueza do papado. Nadar contra a maré é um sinal claro de vitalidade.

Ele traz à mente algo que Chesterton escreveu quando discutia sua própria conversão: ''Nós realmente não queremos uma religião que é exatamente onde estamos certos. Queremos uma religião que é exatamente onde estamos errados.'' Se há alguma coisa que a extensa obra de João Paulo II demonstra é esta: que o papado está frequentemente certo não só quando o mundo está errado mas mesmo quando os Católicos estão errados.

Aos detratores da Igreja, Chesterton escreveu: ''Simplesmente levam o humor moderno e quando exige qualquer credo seja cortado para se ajustar àquele humor.'' Que tipo de humor moderno? Tomando uma sugestão do feminismo, os modernos olham o sacerdócio somente masculino e exigem que a Igreja ordene mulheres, pois, eles insistem, o sacerdócio apenas masculino é uma reminiscência de épocas menos esclarecidas. Mas eles se esquecem (ou talvez nem saibam) que os cultos pagãos, que os primeiros Cristão encontrados em toda parte eram dominados por sacerdotisas, e que um sacerdócio apenas masculino parecia tão estranho para os modernos de 2000 anos atrás como ele se parece para os modernos de hoje. Ou talvez os modernos de hoje não são assim tão modernos.

Em sua carta apostólica Ordinatio Sacerdotalis, João Paulo II deixou claro que as mulheres não poderiam ser ordenadas padres porque, como ele disse, a Igreja não tem autoridade para fazê-lo. Em outras palavras, ele não poderia mudar a doutrina da Igreja. Não importa o que as mulheres queiram ou o que diz a moda. Este papa não se guia pelo mau humor. Havia muita gente, Católicos e não Católicos igualmente, que gritou em indignação quando João Paulo II reafirmou o ensinamento antigo da Igreja. Mas ele estava certo enquanto eles estavam errados.

Da mesma forma, a pressão continuou a crescer durante o papado de João Paulo II para a Igreja relaxar seus ensinamento sobre a contracepção artificial, e até mesmo sobre o aborto. A sabedoria popular dizia que diminuindo suas restrições, a Igreja finalmente apanharia o mundo moderno. No entanto, a contracepção e o aborto não são novidade, e os modernos mais uma vez provavelmente não estão consciêntes de que os primeiros Cristãos a chegar a Roma encontraram uma sociedade onde a contracepção, o aborto, e mesmo o infanticídio eram amplamente praticados. (Temos que perguntar: o que é nos modernos que os tornam modernos?)

Contra esta maré, João Paulo II publicou sua encíclica Evangelium Vitae, que reafirmou o antigo e constante ensinamento da Igreja sobre o aborto e a contracepção: que a tomada de uma vida humana inocênce no ventre é mal, que separar o que Deus uniu relativamente ao ato matrimonial é prejudicial à vida e ao amor. Isso não combina bem com os modernos, mas eles estavam errados enquanto o Papa estava certo, e uma maneira de nós sabermos que ele estava certo foi que ele simplesmente repetiu um ensinamento que remonta ao primeiro século, quando os modernos de então eram maus também. Assim foi com João Paulo II durante seu pontificado. Ele era aquela coisa viva que vai contra a corrente das coisas mortas. Era verdade no início quando ele iniciou a queda do comunismo simplesmente dizendo que seus colegas poloneses eram livres independentes de qualquer sistema político sob o qual vivessem, desafiando um mundo que disse que o comunismo não cairia, salvo por uma massiva intervenção militar. E era verdade no final, quando em seus últimos dias ele deu testemunho da dignidade do sofrimento enquanto os estabelecimentos judiciais e políticos dos Estados Unidos conspiraram para matar Terri Schiavo por nenhuma outra razão além de que ela era um incoveniente.

''É nesses casos'', escreve Chesterton, ''que chegamos a real briga da religião, e é nesses casos que chegamos ao triunfo peculiar e solitário da fé Católica. Não é em apenas estar bem quando estamos certos, como em ser alegre ou esperançoso ou humano. É em ter sido bem quando estávamos errados, e no fato de voltar sobre nós mais tarde como um bumerangue.''

Requiesce in Pace, Joao Paulo II: você estava certo, quando nós estávamos errados.


—Sean P. Dailey, do conselho editorial da Gilbert Magazine.
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Fonte: American Chesterton Society
Tradução minha.