sábado, 26 de setembro de 2009

Grandes Bispos Brasileiros: D. Geraldo de Proença Sigaud




Lema: Da per Matrem

Biografia

Nasceu em Belo Horizonte em 26 de setembro de 1909. Foi ordenado sacerdote da Sociedade do Verbo Divino em 12 de março de 1932.

Depois de sua ordenação foi professor no Seminário Maior de São Paulo
ao lado de Antônio de Castro Mayer. Quando deu apoio ao livro escrito
por Plínio Correa de Oliveira, que denunciava a infiltração comunista
na ação Católica brasileira, foi enviado para a Espanha em março de 1946.
No entanto, contou com o apoio do Núncio Apostolico Benedetto Aloisi
Marsella, que assegurou seu retorno ao Brasil logo depois.

Em 29 de outubro de 1946 foi eleito Bispo de Jacarezinho pelo Papa Pio XII.
Recebeu em 1 de maio de 1947 a sagração Episcopal das mãos de D. Carlos Chiarlo
e tendo como co-sagrantes D. José Mauricio da Rocha e D. Manuel da Silveira
d'Elboux. Foi eleito mais tarde o quarto Arcebispo de Diamantina em 20 de
dezembro de 1960.

Após o Papa João XXIII convocar o Concílio Vaticano II em 1962, D. Geraldo
foi chamado para o Combate Contra Revolucionário, que foi contra o comunismo
e denunciou o ''Inimigo implacavel da sociedade, da Igreja e do Católico:
A Revolução''.

D. Geraldo participou, ativamente, de todas as sessões do Concilio Vaticano II, tendo sido um dos expoentes deste grande Concilio. Sua voz se fez ouvir, muitas e muitas vezes, na aula conciliar.

Determinado a organizar o Conselho De pensamento Conservador para fazer
oposição aos bispos progressistas, ele fundou em 1963 o Coetus Internationalis
Patrum com os Bispos D. Marcel Lefebvre e D. Antônio de Castro Mayer.
Mais tarde se transformou em secretário do grupo. Durante o Concílio,
levou uma petição assinada por 213 padres ao Cardeal Amleto Cicognani, pedindo
a condenação do marxismo, o socialismo e o comunismo. Apresentando mais tarde
ao Papa Paulo VI uma petição com assinatura de 510 padres, para a Consagração
da Rússica ao Imaculado Coração de Maria.

Apesar de seus pensamentos conservadores, executou o Novus Ordo Missae
em sua Arquidiocese e não deu apoio a SSPX de D. Marcel Lefebvre.

Por motivo de enfermidade, renunciou ao Munus Episcopal em 10 de setembro
de 1980.

Veio a falecer no dia 05 de setembro de 1999, em Belo Horizonte. Foi
sepultado no Cemitério do Bonfim, em Belo Horizonte.

Atividades durante o Episcopado

Sua excelência foi Professor Catedrático de Direito Escolar, Filosofia da Educação, História da Educação na Faculdade Sedis Sapientiae da Universidade Católica de São Paulo; Professor Catedrático de História da Filosofia na Faculdade de Filosofia em Jacarezinho.

D. Geraldo publicou semanalmente no jornal ‘’Estrela Polar’’ lições de catequese, a partir do Evangelho de domingo.

TFP

D. Geraldo foi um dos fundadores da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade (TFP). Nas décadas de sessenta e setenta, no Brasil, nos chamados anos de chumbo, Dom Sigaud fez críticas severas ao chamado clero progressista, entrando em confronto muitas vezes com Dom Hélder Câmara.


Centenário – 1909/2009

Hoje, 26 de setembro de 2009 comemora-se 100 anos do nascimento desse grande Bispo que lutou com unhas e dentes contra o comunismo.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Índice Bíblico Contra os Erros Protestantes

A Bíblia traduzida para o português pelo Pe. Matos Soares é considerada por muitos como a melhor versão das Sagradas Escrituras para nossa língua. É traduzida diretamente da Vulgata de São Jerônimo, tem excelentes e ortodoxas notas de rodapé, além de um interessantíssimo índice de citações bíblicas contra os erros dos protestantes.

TEXTOS DA BÍBLIA QUE CONSTITUEM O DOGMA CATÓLICO
CONTRA OS ERROS PROTESTANTES

Pe. Matos Soares

Absolvição

• O poder de dar a absolvição prometido e concedido aos pastores da Igreja: Mt 16, 19; 18, 18; Jo 20, 22-23.

Anjos

• Somos confiados à sua guarda: Mt 18, 10; Hb 1, 14; Ex 23, 20-21; Sl 90, 11-12;.
• Oferecem as nossas orações: Ap 8.
• Rogam por nós: Zc 1,12.
• Estamos em comunhão com eles: Hb 12, 22.
• Foram venerados pelos servos de Deus: Js 5, 14-15.
• Também foram invocados: Gn 48, 15-16; Os 12, 4; Ap 1, 4.


Batismo

• É ordenado por Jesus Cristo: Mt 28, 19.
• Necessário para a salvação: Jo 3, 5.
• Administrado pelos Apóstolos com água: At 8, 36-38; 10, 47-48.
• Além disto: Ef 5, 26; Hb 10, 22; 1Pd 3, 20-2.
• Quanto ao batismo das crianças: Lc 18,16 comparado com Jo 3, 5


Chefes ou governadores da Igreja e a sua autoridade

• Dt 18, 8-9; Mt 18, 17-18; 28, 18-20; Lc 10, 16; Jo 14, 16-17-26; 16, 13; 20, 21; Ef 4, 11-12; Hb 13, 7-17; 1Jo 4, 6.


Cristo (Jesus)

• É o Filho unigênito de Deus, o verdadeiro Filho de Deus por natureza, o único gerado de Deus: Mt 16, 16; Jo 1, 14; 3, 16-18; Rm 8, 32; 1Jo 4, 9.
• O mesmo Deus que seu Pai e igual a Ele: Jo 5, 18-19-23; 10,30; 14, 9s; 16, 14-15; 17, 10; Fl 2, 5-6;
• Verdadeiro Deus: Jo 1, 1; 20, 28-29; At 20, 25; Rm 9, 5; Tt 2, 13; 1Jo 3, 16; 5, 20; além disto: Is 9, 6; 35, 4-5; Mt 1, 23; Lc 1, 16-17; Hb 1, 8.
• É o criador de todas as coisas: Jo 1, 3-10-11; Cl 1, 5-16-17; Hb 1, 2-10-12; 3, 4.
• O Senhor da Glória: 1Cor 2, 8.
• O Rei dos reis e Senhor dos senhores: Ap 17, 4; 19, 16.
• O primeiro e o último, o alfa e o ômega, o princípio e o fim, o Onipotente: Ap 1, 8-17; 22, 12-13.
• Morreu por todos: Jo 3, 13-17; Rm 5, 18; 2Cor 5, 14-15; 1Tm 2, 3-6; 4, 10; Hb 2, 9; 1Jo 2, 1-2; também pelos condenados: Rm 14, 15; 1Cor 8, 11; 2Pd 2,1.


Comunhão

• Sob uma só espécie é suficiente para a salvação: Jo 6, 55-57-58.
• O Corpo e o Sangue de Jesus Cristo são agora inseparáveis: Rm 6, 9.
• Menção de uma espécie unicamente: Lc 24, 30-31; At 20, 7; 1Cor 10, 17.


Concílios da Igreja

• São assistidos por Cristo: Mt 18, 20; e pelo Espírito Santo: At 15, 28.
• Seus decretos devem ser cuidadosamente observados pelos fiéis: At 15, 41; 16, 4.


Confissão dos pecados

• Confessar os pecados: Nm 5, 6-7; Mt 3, 6; At 19, 18; Tg 5, 16.
• A obrigação da confissão é uma conseqüência do poder judiciário de atar e desatar, de reter os pecados, dada aos pastores da Igreja de Cristo: Mt 18, 18; Jo 20, 22-23.


Confirmação

• Foi administrada pelos apóstolos: At 8, 15-17; 19, 6; 2Cor 1, 21-22; Hb 6, 2.


Continência

• É possível: Mt 19, 11-12.
• O voto que se faz obriga: Dt 23, 21.
• A transgressão do voto é condenável: 1Tm 5, 12.
• A prática é recomendada: 1Cor 8, 8-27-37-38-40.
• Quanto aos motivos que respeitam particularmente ao clero: 1Cor 7, 32-33-35.


Escritura Sagrada

• É difícil de compreender, e muitos lhe dão, hoje em diante, este sentido para sua própria perdição: 2Pd 3, 16.
• Não deve explicar-se por uma interpretação particular: 2Pd 1, 20.
• É alterada pelos hereges: Mt 19, 11.


Espírito Santo

• Sua divindade: At 5, 3-4; 28, 25-26; 1Cor 2, 10-11; 6, 11-19-20; vide também: Mt 12, 31-32.
• A fórmula do Batismo: Mt 28, 19-20.
• Procede do Pai e do Filho: Jo 15, 26.


Eucaristia

• A presença real do Corpo e do Sangue de Jesus Cristo, e a transubstanciação provadas por: Mt 26, 26; Mc 14, 22-24; Lc 22, 19; Jo 6, 51-52s; 1Cor 10, 16; 11, 21-24-25-27-29.


Unção dos Enfermos

• Tg 5, 14-15.




• A verdadeira fé é necessária à salvação: Mc 16, 16; At 2, 47; 4, 12; Hb 11, 6.
• A fé sem as boas obras é uma fé morta: Tg 2, 14-17-20.
• A fé só não justifica: Tg 2, 24.
• Mas a fé obrando pela caridade: Gl 5, 6.
• A fé não implica a certeza absoluta do estado de graça, e muito menos ainda da salvação eterna: Rm 11, 20-22; 1Cor 9, 27; 10, 12; Fl 2, 2; Ap 3, 11.


Igreja (a) de Jesus Cristo

• Existirá para sempre: Mt 16, 18; 28, 20; Jo 16, 16-17; Sl 47, 9; 71, 5-7; 88, 3-4-20-36-37; 131, 13-14; Is 9, 7; 54, 9-10; 59, 20-21; 60, 15-18s; 62, 6; Jr 31, 21-26; 33, 17s; Ez 37, 21-26; Dn 2, 44.
• A Igreja é o Reino de Cristo: Lc 1, 33; Dn 2, 44.
• A cidade do grande Rei: Sl 47, 2.
• Seu descanso e sua habitação para sempre: Sl 131, 13-14.
• A casa de Deus vivo: 1Tm 3,15.
• O aprisco da qual Cristo é o pastor: Jo 10, 13.
• corpo da qual Cristo é a cabeça: Cl 1, 18; Ef 5, 23.
• A esposa da qual é o esposo: Ef 5, 31-32.
• Está sempre sujeita a Ele e sempre amada e fiel para com Ele: Ef 5, 24.
• Sempre amada e querida dEle: Ef 5, 25-29.
• E unida a Ele por uma união indissolúvel: Ef 5, 31-32.
• A Igreja é a coluna e o fundamento da verdade: 1Tm 3, 15.
• O pacto de Deus com Ela é uma pacto de paz: Ez 37, 26.
• Pacto confirmado por um juramento solene, imutável como aquele que fez com o Patriarca Noé: Is 54, 9.
• Como o que fez com o dia e com a noite por todas as gerações: Jr 33, 20-21.
• Deus será sua eterna luz: Is 60, 18-19.
• Todos os que se juntarem contra Ela cairão, e a nação que a não queira servir perecerá: Is 60, 12-15-17.
• A Igreja é sempre uma: Ct 6, 9; Jo 10, 16; Ef 2, 23; Mq 4, 12; Mt 5, 14.
• Estende-se por toda a parte e ensina um grande número de nações: Sl 2, 8; 21, 28; Is 49, 6; 54, 1-3; Dn 2, 35-44; Ml 1, 11s.
• A Igreja é infalível em matéria de fé, é uma conseqüência das promessas divinas que lhe têm sido feitas; vide em particular: Mt 16, 18; 28, 19-20; Jo 14, 16-17-26; 16, 13; 1Tm 3, 14-15; Is 35, 8; 54, 9-10;


Imagens

• Recomendadas por Deus: Ex 25, 18s; Nm 21, 8-9.
• Colocada dos dois lados do propiciatório no Tabernáculo: Ex 37, 7.
• E no templo de Salomão: 2Cr 3, 10-11; 3Rs 6, 23.
• E isto por um mandamento divino: 1Cr 28, 18.
• Veneração relativa às imagens de Jesus Cristo e dos Santos autorizada: Hb 11, 21; vide também: 2Rs 6, 12-16; 2Cr 5, 2s; Sl 98, 5; Fl 2, 10.


Indulgências

• Poder de as conceder Mt 16, 18-19.
• Uso deste poder: 2Cor 2, 6-8-10.


Inferno

• Eternidade das penas: Mt 3, 12; 25, 41-46; Mc 9, 43-46-48; Lc 3, 17; 2Ts 1, 7-9; Jd 6-7; Ap 14, 10-11; 20, 10; vide igualmente: Is 33, 14.


Jejum

• É recomendado na Escritura: Jl 2, 12.
• Praticado pelos servos de Deus: Esd 8, 23; 2Esd 1, 4; Dn 10, 3-7-12s.
• Leva Deus a usar de misericórdia: Jn 3, 5s.
• É de grande eficácia contra demônio: Mc 9, 28.
• Deve ser observado por todos os filhos de Jesus Cristo: Mt 9, 15; Mc 2, 10; Lc 5, 35; vide também: At 13, 3; 14, 22; 2Cor 6, 5; 11, 27.
• Jejum de Jesus de quarenta dias: Mt 4, 2.


Livre arbítrio

• Gn 7; Dt 30, 19; Eclo 15, 14.
• Resiste freqüentemente à graça de Deus: Pr 1, 24s; Is 5, 4; Ez 18, 23-31-32; 33, 11; Mt 23, 37; Lc 13, 34; At 7, 51; Hb 12, 15; 2Pd 3, 9; Ap 20, 4.


Matrimônio

• Sacramento representando a união de Jesus Cristo e da Igreja: Ef 5, 32; vide igualmente: 1Ts 4, 3-5.
• O casamento não deve ser dissolvido senão por morte: Gn 2, 21; Mt 19, 6; Mc 10, 11-12; Lc 16, 18; Rm 7, 2-3; 1Cor 7, 10-11-39.


Missa

• O sacrifício da Missa figurado antecipadamente: Gn 19, 18.
• Predito: Ml 1, 10-11.
• Instituído e celebrado pelo próprio Jesus Cristo: Lc 22, 19-20.
• Atestado: 1Cor 10, 16-18-21; Hb 13, 10.


Mulheres

• Não devem pregar nem ensinar: 1Cor 14, 34-35-37; 1Tm 2, 11-12.


Obras (boas)

• As boas obras meritórias: Gn 4, 7; Sl 17, 21-23-24; 18, 8-11; Mt 5, 11-12; 10, 42; 16, 27; 1Cor 3, 8; 2Tm 4, 8.


Orações

• Pelos defuntos: 2Mc 12, 43s.


Ordens (Sacras)

• Foram instituídas por Jesus Cristo: Lc 22, 19; Jo 20, 22-23.
• Conferidas pela imposição de mãos: At 6, 6; 13, 3; 14, 22.
• Dão graças: 1Tm 4, 14; 2Tm 1, 6.


Papa ou Bispo

• Chefe dos outros bispos; São Pedro foi elevado a esta dignidade pelo próprio Jesus Cristo: Mt 16, 18-19; Lc 22, 31-32; Jo 21, 15-17s; vide igualmente: Mt 10, 2; At 5, 29; Gl 2, 7-8.


Pecado original

• Jó 14, 4; Sl 50, 7; Rm 5, 12-15-19; 1Cor 15, 21-22; Ef 2, 3.


Purgatório

• Purgatório ou estado médio das almas, sofrendo por certo tempo em expiação de seus pecados; é provado por numerosos textos da Escritura que afirmam que Deus pagará a cada um segundo as suas obras, de tal sorte que aqueles que morrem estando culpados mesmo das menores faltas, não escapam do castigo. Quanto a isso vide também: Mt 12, 32; Ap 21, 27; assim como: Mt 5, 25-26; 1Cor 3, 13-15; 1Pd 3, 18-20; 2Mc 12, 45.


Relíquias Milagrosas

• 4Rs 13, 4-20-21; Mt 9, 21-29; At 9, 11-12.


Santos

• Os Santos deixaram este mundo, socorrem-nos por suas orações: Lc 16, 9; 1Cor 12, 2; Ap 5, 8.
• Estamos em comunhão com eles: Hb 12, 22-23.
• Têm um poder sobre as nações: Ap 2, 26-27; 5, 10.
• Sabe o que se passa entre nós: Lc 15, 10; 1Cor 13, 12; 1Jo 3, 2.
• Estão, pois, com Cristo no céu antes da ressurreição geral: 2Cor 5, 1-6-8; Fl 1, 23-24; Ap 4, 4; 6, 9; 7, 9-15s; 14, 1-3-4; 19, 1-4-6; 20, 4.
• Quanto à sua invocação convém consultar os textos citados a respeito dos anjos, ou os que, mostrando o grande poder que têm para com Deus as orações dos seus servos, nos autorizam por isto mesmo a implorar suas orações; para isso vide: Ex 31, 11-14.


Tradições Apostólicas

• 1Cor 11, 2; 2Ts 2, 5-14; 3, 6; 2Tm 1, 13; 2, 2; 3, 14; vide também: Dt 32, 7; Sl 19, 5-7.


Virgem Maria (a Bem-Aventurada)

• Sua dignidade: Lc 1, 28-42-43.
• Todas as gerações dos verdadeiros cristãos a chamarão bem-aventurada: Lc 1, 48.
• Quanto aos direitos que tem de ser venerada e invocada vide o que está dito a respeito dos anjos e santos.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Citações Bíblicas Que Condenam A Prática Do Espíritismo E Todo Ocultismo.

Dt 18,9-13
Lv 19,31
Lv 20,6
Is 8,19-23
Sb 2,1-5
Sb 16,14
2Mc 12,38-46
Lc 16,19-31
Lc 23,39-43
Hb 9.27
1Cor 10,20-24
2Cor 11,12-15

Alan Kardec e todos os espíritas se transviaram no caminho de Deus, conforme citações bíblicas abaixo:

Mt 24,24
1Pd 2,1-3
Gl 1,6-10
1Tm 4,1
Eclo 15,11-22
Ap 22,18

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Grandes Bispos Brasileiros: D. Antônio de Castro Mayer



Dom Antônio de Castro Mayer, filho de João Mayer e de Francisca de Castro Mayer, nasceu aos 20 de junho de 1904, em Campinas, no Estado de São Paulo, Brasil. De família profundamente católica e numerosa (tinha 11 irmãos, dos quais duas religiosas), ainda não atingira a idade de 7 anos quando perdeu o pai, de origem alemã, da aldeia de Stettfeld na Baviera. Referindo-se a este dizia: De meu pai recebi o maior tesouro: a fé.

Com a idade de 12 anos, entra para o Seminário menor de Bom Jesus de Pirapora, dirigido pelos padres Premonstratenses. Em 1922, começa o Seminário Maior em São Paulo, e, por sua inteligência e bons resultados nos estudos, é enviado por Dom Duarte Leopoldo e Silva a Roma para completar seu curso eclesiástico na Universidade Gregoriana. No dia 30 de outubro de 1927, é ordenado sacerdote pelo Cardeal Basílio Pompilij, Vigário Geral de sua Santidade o Papa Pio XI. Pouco depois, recebe na Universidade Gregoriana o grau de doutor em teologia.

De volta ao Brasil, é nomeado professor do Seminário de São Paulo. Durante 13 anos, ensina Filosofia, História da Filosofia e Teologia Dogmática.

Em 1940, o Arcebispo de São Paulo, Dom José Gaspar de Affonseca e Silva, o nomeava assistente geral da Ação Católica, então em fase de organização.

Em 1941, é nomeado cônego catedrático do Cabido Metropolitano de São Paulo, com a dignidade de primeiro Tesoureiro. Pouco depois, torna-se Vigário Geral (1942).

Em 1945, é transferido para o cargo de Vigário Ecônomo da Paróquia de São José do Belém, ao mesmo tempo se ocupa das cátedras de Religião e Doutrina Social Católica, respectivamente na Faculdade Paulista de Direito e no Instituto Sedes Sapientiae, ambas escolas superiores da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

A 6 de março de 1948, Sua Santidade o Papa Pio XII eleva Mons. Antônio de Casto Mayer a Bispo titular de Priene e Coadjutor, com direito a sucessão, do Arcebispo-Bispo de Campos, Dom Octaviano Pereira de Albuquerque. No dia 23 de maio do mesmo ano, o Núncio Apostólico do Brasil, Dom Carlo Chiarlo, oficia a cerimônia de sagração, tendo como assistentes: Dom Ernesto de Paulo, Bispo de Piracicaba e Dom Geraldo de Proença Sigaud, Bispo de Jacarezinho, na Igreja de Nossa Senhora do Carmo, em São Paulo. Em virtude do falecimento de Dom Octaviano, em 3 de janeiro de 1949, Dom Antônio torna-se Bispo Diocesano dessa importante circunscrição eclesiástica do Estado do Rio.

Além das atividades de seu cargo, Dom Antônio leciona também, primeiro na Faculdade de Filosofia e, depois na Faculdade de Direito de Campos.

Após sua corajosa participação no Concílio, ele volta à sua Diocese onde mantém com firmeza a Tradição até sua demissão forçada, em 1981. Mesmo afastado, diante da implantação do progressismo na Diocese por parte do novo titular, sente-se no dever de apoiar e sustentar os padres que havia formado e une-se a Dom Lefebvre, com quem fará mais de um manifesto de resistência às inovações ou de advertência ao Papa, e sobretudo se fará presente em Ecône como Co-sagrante, nas sagrações de 30 de junho de 1988. Em dezembro deste mesmo ano, realiza uma ordenação sacerdotal, a última, antes de ser constrangido, pela debilitação de suas forças, a prosseguir o combate apenas pela oração e pelo sofrimento.

Sua grandes qualidades de pastor

Dom Antônio de Castro Mayer foi um dos bispos mais conhecidos na atualidade religiosa brasileira e, por isso mesmo, projetou-se além de nossas fronteiras, através de suas Pastorais, Instruções, circulares, traduzidas em vários idiomas. Como homem de governo, distinguiu-se pelo seu labor apostólico e pela sua firmeza. Por outro lado de temperamento afetuoso, de maneiras simples e corteses, sempre esteve disposto a ceder e a tudo conciliar, quando a conciliação não trazia inconveniente a não ser para ele. Caso contrário, seria capaz das mais irredutíveis intransigências, das mais intrépidas deliberações, das mais ousadas atitudes quando estava em jogo, direta ou indiretamente, um princípio doutrinal, uma questão que pudesse trazer prejuízo para o bem espiritual de seu rebanho ou para a honra da Santa Igreja. Homem verdadeiramente apostólico, sabia ser leão na defesa dos direitos de Deus e cordeiro ao sacrificar a cada instante seus mais legítimos interesses pessoais. É isto que explica a admiração e a afeição que ele suscitou em torno de si durante tantos anos de fecunda atividade pastoral.

Reorganização da atividade pastoral na Diocese

Desde que foi investido de sua missão episcopal em 1948, Dom Antônio percorreu toda a diocese para conhecer "in loco" a situação espiritual e material de seus diocesanos. Pôde ele dirigir assim a reorganização da vida das paróquias, tanto no interior como nas cidades. Conseguiu também resolver velhos problemas que paralisavam a atividade das Ordens Terceiras Franciscana e Carmelita, dando assim novo esplendor às Igrejas situadas em suas propriedades.

Atraiu também a Campos numerosas famílias religiosas e deu seu apoio às já existentes. Assim encontramos na diocese de Campos Beneditinos, Salesianos, Redentoristas, Carmelitas Descalços, Franciscanos, Crúzios, etc. E Congregações femininas foram chamadas para ajudar nas escolas, nos hospitais, nos asilos, etc.

Fundação do Seminário

Em 1956, abre o Seminário Menor da Diocese na vila, hoje cidade, de São Sebastião de Varre-Sai. Em 1967, Dom Antônio obtém a permissão do funcionamento do Seminário Maior, com os cursos de Filosofia e Teologia, esta transferida depois para Campos.

Cartas Pastorais

O renome de Dom Antônio se deve, em grande parte, à alta qualidade doutrinária de suas numerosas Cartas Pastorais, que tão forte impressão causaram na alma de seus diocesanos e, mesmo, muito além dos limites da própria diocese.

Talvez a mais célebre é a de 6 de janeiro de 1953 sobre os Problemas do Apostolado Moderno.

Outras Pastorais assinalaram também o episcopado de Dom Antônio destinadas a ser um sólido sustentáculo para os católicos nestes tempos de crise e a premunir seus fiéis contra os erros do progressismo.

O valor de seus escritos e a importância que tiveram em momento decisivos de nosso país, tornam Dom Antônio digno do reconhecimento de todos os brasileiros e de todo o povo cristão.

Dom Antônio, o devoto de Nossa Senhora

Omissão imperdoável seria falar de Dom Antônio sem mencionar, ainda que em poucas linhas, sua profunda e terna devoção à Virgem Santíssima, Senhora Nossa. Logo no início de seu pastoreio como Bispo de Campos, ordenou a todos os sacerdotes que rezassem, após as preces leoninas do final da Missa, 3 Ave-Marias pela preservação da fé e extinção das heresias na Diocese de Campos. Tal era sua concisão: Vencedora de todas as heresias, ontem como hoje, Maria Santíssima conseguirá de seu Divino Filho, a vitória sobre os inimigos da Santa Igreja, um tempo de paz, como prometeu em Fátima, com o triunfo do seu Imaculado Coração. "Ipsa conteret" - era a sua divisa, a sua fé, a sua confiança inabalável: "Ela esmagará".

Dom Antônio, cuja piedade filial e confiança no poder da Mãe de Deus sempre nos edificou, tornou-se em Campos o arauto de Nossa Senhora, o pregador de seus privilégios, o promotor de sua causa, o organizador das salutares missões presididas pela Imagem Peregrina e Milagrosa de Nossa Senhora de Fátima, o fautor, durante seu governo episcopal, de todos os movimentos e obras paroquiais empenhadas na difusão e aprofundamento da devoção mariana. Suas Pastorais sobre Nossa Senhora, a insistência em suas homilias e retiros sobre a recitação do Rosário, ou, pelo menos, do terço quotidiano, a campanha do terço contínuo, a devoção às três Ave Marias, a ênfase na pregação da oração e da penitência, da Consagração ao Imaculado Coração de Maria e da devoção aos Primeiros Sábados atestam a importância que ele sempre atribuiu ao papel de Maria Santíssima, Nossa Senhora, na economia da salvação, na solução da crise contemporânea e na sua atividade episcopal.

Ele costumava dizer a seus padres: tal obra começou sob a proteção e as bênçãos de Nossa Senhora? Não há de fracassar.

No seu leito de sofrimento, tinha diante de si, duas imagens caras ao coração de filho: a imagem do Imaculado Coração de Maria e o retrato de sua mãe.

Sua atitude no Concílio

Durante o Concílio, Dom Antônio de Castro Mayer teve de enfrentar a corrente progressista e se salientou como um dos líderes da corrente conservadora. Suas intervenções em favor do Latim na Liturgia, sobre a estrutura monárquica da Igreja, pela manutenção dos privilégios que na ordem social cristã devem distinguir das seitas heréticas a Santa Igreja, e pela condenação explícita do comunismo no esquema da Constituição pastoral sobre a Igreja no mundo contemporâneo fizeram dele um dos principais defensores da doutrina tradicional da Igreja no Concílio. Com Dom Marcel Lefebvre ele fez parte do "Coetus Internationalis Patrum" e foi com ele um dos dois únicos Bispos no mundo a continuar, no período pós-conciliar, um combate público contra os erros que corrompem a Fé e causam a perda de tantas almas. Ainda por ocasião do Concílio, Dom Antônio e Dom Lefebvre, juntamente com outros Padres conciliares, coordenaram as petições de centenas de Bispos em prol da Consagração do mundo ao Imaculado Coração de Maria e da condenação do comunismo e do socialismo pelo Concílio.

Obras educacionais

A atividade de Dom Antônio se estendeu a todos os aspectos de formação de seus diocesanos. Como poderiam ser esquecidas as escolas? Incansavelmente Dom Antônio fundou, em meio a grandes dificuldades, estabelecimentos de ensino. Com esta finalidade, soube trabalhar tanto com os padres diocesanos como os de Congregações que conseguiu para Campos.

Os diversos colégios fundados vieram trazer aos diocesanos de Campos a possibilidade de dar aos filhos uma formação sólida tanto no campo dos estudos como no plano da Fé.

Bispo Emérito

No dia 1º de novembro de 1981, já como Administrador Apostólico da Diocese, Dom Antônio celebra sua última Missa Pontifical na Catedral de Campos, numa cerimônia memorável pela beleza da Liturgia, pelo comparecimento maciço dos fiéis vindos de toda a parte a transbordar a Catedral, que se tornou pequena, e pelas homenagens espontâneas de gratidão.

Conclusão

Após 42 anos de episcopado e 63 de sacerdócio, Dom Antônio de Castro Mayer deixou uma obra que se caracteriza pela pureza doutrinal e sua atualização constante na prática. Nem as dificuldades encontradas, nem as pressões morais o fizeram desviar. A diocese confiada a seu zelo é a mais bela prova de seu labor apostólico sempre inspirado pelo amor da verdade. Essa diocese é um milagre cuja história fica para se escrever. Padres, seminaristas, religiosas, sem falar dos milhares de fiéis que permaneceram católicos no meio da apostasia geral... onde encontrou ele a força para realizar esta obra extraordinária? Sem dúvida na devoção a Nossa Senhora. Sua divisa episcopal: "Ipsa conteret", a consagração da Diocese ao Imaculado Coração de Maria, as 3 Ave-Marias no final da Missa pela preservação da Fé e extinção das heresias testemunham esta presença de Nossa Senhora.


*Fonte: FSSPX

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Grandes Bispos Brasileiros: D. Vital




A infiltração maçônica no Brasil e suas atividades contra a Igreja sempre deram aos observadores a impressão de que os maçons daqui seriam menos rancorosos que os da Europa. De fato, os maçons do Brasil são, como os brasileiros em geral, menos enérgicos, mas não menos rancorosos que os da França. Nem por isso deixam de odiar a Igreja e trabalhar contra ela. O episódio de D. Vital é prova disso.

D. Vital parece ter sido realmente um homem de valor e é uma beleza contemplar o olha que mostra o retrato de capa do livro abaixo referido em que colhemos os dados aqui apresentados. Seus olhos mostram uma tal mansidão e uma tal força, que ninguém pode deixar de se impressionar.

D. Frei Vital Maria Gonçalves de Oliveira nasceu em Pernambuco, num engenho de açúcar, a 27 de novembro de 1844. Seu nome civil foi Antônio Júnior. Estudou no Seminário de Olinda, primeiro, e depois em S. Sulpice em Paris, onde resolveu ser capuchinho (ramo franciscano) sendo recebido no Seminário de Versalhes onde os seus superiores, procurando prová-lo, trataram-no com tal aspereza e tanta falta de atenção que ele pegou uma doença de garganta de que nunca mais se pode curar completamente e da qual provavelmente morreu. No dia em que os religiosos da comunidade franciscana decidiram aceitar (contra a oposição do Pe. Mestre) a sua profissão definitiva, este Padre Mestre disse-lhe: "Você nunca prestará para coisa alguma. Não poderá ser sacerdote e terá muito que sofrer". Tirando a última parte, que se mostrou verdadeira (mas parece que para o bem de D. Vital), no mais não apenas falhou na sua "profecia" como mostrou uma dureza de coração incrível contra um pobre seminarista franciscano que nunca teve nenhuma rebeldia, nenhuma má vontade, nenhuma queixa. Àquela palavra dura do seu Padre Mestre, ele respondeu: "Não pedi a entrada em religião para me tornar notável em trabalhos além dos que Deus me destina. Nem mesmo a glória do sacerdócio procurei. Vim para glória de Deus e salvação de minha alma. Se não puder ser bom padre, pedirei para ficar como simples leigo e que Nosso Senhor tenha pena de mim até o fim". Apesar de tudo, quando a comunidade indagou o Pe. Mestre qual o conceito que fazia do candidato à profissão definitiva, ele declarou que o comportamento de D. Vital tinha sido sempre irrepreensível.

D. Vital foi depois para o convento franciscano de Perpignan e mais tarde para o Seminário de Toulouse onde foi ordenado em 2 de Agosto de 1868. No fim deste mesmo ano de 1868 voltou para o Brasil onde foi mandado para ensinar no Convento dos franciscanos em São Paulo. Em março de 1872 foi sagrado bispo por indicação do Governo do Império do Brasil (que então tinha tais privilégios) e aceitação do Papa Pio IX que hesitou muito porque D. Vital tinha apenas 26 anos! Mas como, em face da demora de Roma em aprovar seu nome, D. Vital, a conselho do Núncio, escrevera a Pio IX pedindo para ser dispensado do cargo (o que realmente desejava para manter-se como um simples religioso), o Papa percebeu todo o seu desprendimento e resolveu nomeá-lo. Foi nomeado bispo de Olinda e Recife e tomou posse de seu cargo em 24 de Maio de 1872.

A luta entre a Igreja e a Maçonaria no Brasil tornou-se acesa pouco depois, em virtude de um incidente ocorrido no Rio de Janeiro. Naquela época e apesar das diversas condenações da maçonaria pelos Papas, havia muitos padres que pertenciam a lojas maçônicas. Também muitos homens notáveis da época eram maçons, alguns por simples ignorância, outros, embora tendo seus nomes ligados à história do Brasil, por convicções maçônicas e mau espírito contra a Igreja. Em março de 1872, pouco antes de D. Vital ser eleito bispo, houve uma festa da maçonaria que comemorava a Lei do Ventre Livre, obtida pelo então principal Ministro do Imperador, Presidente do Conselho (chefe de governo), o Visconde de Rio Branco, pai do Barão do Rio Branco, homem realmente capaz, de notável inteligência e também grau 33 da loja maçônica da Rua do Lavradio. Um dos oradores da festa foi um padre, chamado Almeida Martins. O bispo do Rio, D. Pedro Maria de Lacerda, escandalizado, chamou o Padre Martins em particular para ponderar-lhe que ele não podia ser padre e maçom ao mesmo tempo. O Padre recusou atender a qualquer ponderação. O Bispo suspendeu-o de ordens. A maçonaria considerou-se atingida e fez uma grande assembléia que foi presidida pelo Chefe do governo, o Visconde do Rio Branco. Decidiram então iniciar uma grande campanha contra a Igreja e a essa campanha uniram-se os maçons de uma ala dissidente. Coletaram fundos e começaram os ataques. Fundaram inúmeros jornais para a campanha: no Rio, o jornal "A Família"; em São Paulo, o "Correio Paulistano"; em Porto Alegre, "O Maçom"; no Pará, o "Pelicano"; no Ceará, "A Fraternidade"; no Rio Grande do Norte, "A Luz"; em Alagoas, "O Labarum" e em Recife, dois, "A Família Universal" e "A Verdade".

Assim, quando D. Vital chegou ao Recife, já encontrou em atividade os jornais maçons que todos os dias procuravam atingi-lo com sarcasmos e injúrias. O bispo não respondia, é claro. A 27 de Julho começaram a provocá-lo. Primeiro anunciaram que iria haver uma missa em ação de graças numa loja. Diante da proibição sigilosa do bispo, nenhum padre ousou celebrá-la. Depois, pediram missas por maçons falecidos sem arrependimento e, é claro, nenhum padre aceitou. Finalmente, diante do silêncio do bispo que não respondia as provocações, nos dias 22,23,24,25 e 26 de Outubro, o jornal "A Verdade" publicou uma série de artigos contra a Santíssima Eucaristia, a Virgindade e a Maternidade divina de Nossa Senhora e a Imaculada Conceição. E para atingir melhor o alvo, uma Irmandade religiosa (várias estavam infiltradas de maçons) elegeu o autor daqueles artigos como seu presidente. Finalmente, a 21 de Novembro, o bispo D. Vital publica um protesto contra os ataques aos nossos dogmas exortando a população a protestar também. Mais tarde fez um sermão público na catedral, repetindo o protesto e acusando a maçonaria. O jornal, para zombar dele, publica uma lista de padres e cônegos filiados à maçonaria local. O bispo chama-os um por um, em particular, e obtém de todos que se retratem publicamente e se desliguem das lojas, exceto dois. O jornal publica então os nomes de presidentes, secretários e tesoureiros de irmandades que também pertenciam às lojas. O bispo faz o mesmo, mas aqui esbarra na obstinação de várias irmandades que se recusam a acatá-lo. Só duas aceitaram e as demais ou recusaram ou nem foram à entrevista. D. Vital procurou obter com amigos comuns que elas, as Irmandades, se submetessem à sua autoridade. Não conseguiu nada. Resolveu então mandar um primeiro aviso canônico aos vigários assistentes das irmandades para que exortassem os irmãos maçons a renunciarem à maçonaria ou se demitirem. As irmandades recusaram aceitar isso. Mais dois avisos se seguem e são recusados. O bispo lança então um interdito sobre as irmandades Santo Antônio e Espírito Santo, impedindo a realização de missas ou quaisquer religiosos nas suas capelas. Os maçons começaram a promover tumultos de rua. Primeiro fecharam capelas e igrejas, roubando chaves de sacrários ou de arquivos. D. Vital publica uma "Carta Pastoral contra as ciladas da Maçonaria". Nela, além de historiar as atividades perniciosas da organização, assinala que não há diferença entre a maçonaria no Brasil e na Europa, que todas obedecem aos mesmos planos. Proíbe a leitura do jornal "A Verdade" e excomunga os maçons que não abjurarem.

Enquanto isso, também o bispo de Belém do Pará, D. Antônio Macedo Costa, combate a maçonaria. As notícias a respeito, chegando ao Rio, provocaram enorme abalo. O Governo reuniu-se, ao saber que irmandades haviam sido interditadas e também por causa da Carta Pastoral. O próprio Governo, isto é, certamente o seu Chefe, Visconde do Rio Branco, e seus ajudantes maçons, mandaram dizer às irmandades que deviam apelar para o Governo Central com um, então vigente, "recurso à Coroa", apesar de a lei brasileira de então dizer que em causas estritamente religiosas os bispos estavam submetidos ao Papa e só ao Papa podiam ser apresentados recursos contra sua decisões. Não obstante, uma das irmandades interditadas apresentou o recurso ao governo. O próprio Imperador D. Pedro II, cuja mentalidade era liberal, não gostou da atitude do bispo que, em carta a um Conselheiro de Estado, apontou a ilegalidade do recurso à Coroa e declarou com simplicidade que havia cumprido seu dever de bispo e só estava submetido ao Papa em matéria religiosa. Os historiadores acham que, sem apoio do Imperador, o Visconde do Rio Branco teria recuado. mas, com esse apoio, foi em frente. Antes de publicar sua Carta Pastoral, Dom Vital havia escrito ao Papa indagando o que devia fazer diante da situação que descrevia. O Papa respondeu-lhe com um "Breve" datado de 29 de maio, aprovando os atos de D. Vital e dando-lhe amplas faculdades para enfrentar a situação. Diante do "recurso à Coroa" da Irmandade, o Governo mandou a D. Vital um aviso com ordem de levantar o interdito sob pena de ser processado. O bispo responde com toda a calma e, depois de apresentar sua homenagens ao Imperador e seu respeito pelo Governo, acrescenta que se deve obedecer antes a Deus que aos homens e que recebia, no mesmo dia, do Governo, o aviso para suspender o interdito, e, do Papa, seu Breve aprovando seus atos. Assim, como bispo, não podia atender ao aviso. Isso, explicou, não era desobediência, mas dever de consciência. Em seguida o bispo suspendeu de ordens o Deão do cabido da diocese que era maçom e se recusava a deixar a maçonaria. Os maçons então fizeram uma manifestação pública de apoio ao Deão. Depois saíram para invadir, depredar e saquear a capela do Colégio dos Jesuítas, que estava cheia de fiéis que comemoravam o mês de Maio. Quebraram o púlpito, os confessionários, os quadros, imagens, espancando os fiéis, roubando objetos de valor. Empastelaram em seguida os jornais católicos, "O Católico" e "A União" agredindo os empregados. Agrediram os jesuítas, alguns dos quais foram apunhalados e um dos quais morreu mais tarde. Depois arrombaram o Colégio Santa Dorotéia e em seguida foram para o palácio do Bispo. O Bispo, avisado, mandou iluminar todo o palácio e se apresentou diante da quadrilha que estava no portão. Eles não ousaram invadir o palácio e acabaram se retirando. Só então chegou a polícia. D. Vital publicou um Breve, "Quamquam dolores" comunicando aos demais bispos do Brasil o que ocorria e recebendo deles todos integral apoio, sobretudo do bispo do Rio de janeiro e do bispo de Belém do Pará. O Governo manda um aviso à Irmandade que havia feito seu recurso e declara ele, o Governo, levantado o interdito, o que é evidentemente ridículo, já que nenhum padre aceitaria isso. O Governou suspendeu o pagamento dos ordenados dos padres, que, naquele tempo, eram sustentados com recursos públicos e também dos padres professores do Seminário. Finalmente o Governo mandou processar D. Vital por desobediência e desacato. Veio a ordem de prender o bispo e mandá-lo para o Rio de Janeiro para ser julgado pelo Supremo Tribunal. Foram prendê-lo no palácio, em Recife, um Juiz, o Chefe de Polícia e um Coronel da polícia. Quando o Juiz entrou no palácio e bateu na porta do quarto do bispo, este saiu totalmente paramentado, com mitra e báculo, e assim foi preso. Mas quando chegaram à rua, os policiais viram que a multidão engrossava dando vivas ao bispo e ficaram com medo. Meteram-se num carro e levaram-no para o Arsenal de Marinha onde ficou preso à espera do navio que devia levá-lo ao Rio. Em Salvador, trocaram-no de navio para que chegasse ao Rio sem ser esperado. E no Rio foi logo encarcerado no Arsenal, embora com todo o respeito e conforto. Deve-se dizer que, em toda parte, no Recife, em Salvador, no Rio, multiplicavam-se as demonstrações de apreço, homenagem e protestos de outros bispos, do clero, do povo. Aí o Governo encarregou o embaixador do Brasil em Londres, Marquês de Penedo, de tentar obter do Papa um pronunciamento contra o bispo. O embaixador, hábil e insinuante, contou à sua maneira os fatos e conseguiu que o Secretário de Estado, Cardeal Antonelli (cujo comportamento futuro iria mostrar-se muito estranho) escrevesse com autorização do Papa uma carta a Dom Vital, "Gesta tua non laudantur", em que, embora louvando o bispo, censura-o como tendo pressa em executar, com excesso de zelo, o que o Papa havia escrito antes, e manda que ele levante o interdito para "depois" procurar eliminar os maçons das irmandades. O Barão e o Governo ficaram satisfeitíssimos com o resultado da missão e logo noticiaram o fato, mas D. Vital, perplexo, guardou a carta no bolso e escreveu ao Papa pedindo explicações, apresentando os fatos e mostrando os inconvenientes do que lhe estava ordenado, especialmente mandando dizer ao Papa (que até então não sabia) que ele, D. Vital, estava preso. E, de fato, logo veio a resposta do Papa mandando destruir a carta do Cardeal Antonelli. Enquanto isso, o Governo frustrou-se porque queria que D. Vital publicasse a carta recebida antes e este, que não era bobo, guardou-a, é claro. Afinal, veio o processo. Intimado a se defender em oito dias, o bispo respondeu apenas com esta frase: "'Jesus autem tacebat'. Assinado em minha prisão no Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro. Frei Vital." Foi julgado em sessão solene do Supremo Tribunal, cheias as galerias. Dois Senadores católicos o defenderam, Zacarias de Goes e Candido Mendes de Almeida (bisavô desta triste figura de mesmo nome). Mas toda a defesa foi inútil, já que a maçonaria governava. D. Vital foi condenado a 4 anos de prisão com trabalhos forçados. Há uma nota interessante: com base naquela lei que falava em "recurso à Coroa", D. Vital foi a 163a. pessoa processada, um dos dois únicos condenados e o único que cumpriu pena. Também o bispo de Belém foi condenado à pena de prisão. O bispo foi levado à Fortaleza de S. João (na Urca) onde entrou em 21 de Março de 1874 para cumprir a pena que, antes de começar, já o Imperador havia convertido em prisão simples, sem os trabalhos forçados, por instâncias da Princesa Isabel, que admirava Dom Vital. D. Macedo Costa, por sua vez, foi encarcerado na Ilha das Cobras. Enquanto cumpriam suas penas, o Governo perseguia os dirigentes católicos do Recife, encarcerando vários outros e expulsando de Pernambuco os Jesuítas. Mesmo preso, D. Vital escreveu e mandou publicar uma carta, "A Maçonaria e os Jesuítas", com 139 páginas, em que defendia a estes e atacava aquela. Na fortaleza, sucediam-se as visitas de multidões de fiéis e clero, inclusive bispos estrangeiros. Inúmeras petições ao Imperador, com milhares de assinaturas, pedindo a libertação dos bispos. A própria Princesa Isabel vai à fortaleza visitá-lo e, com a ajuda dela, D. Vital pôde chamar à fortaleza os seminaristas de Recife que já estavam prontos para ordená-los ali mesmo. O Papa começou a protestar e escreveu ao Imperador do Brasil pedindo que libertasse os bispos, sem deixar de afirmar que eles se conduziram como deviam fazê-lo. O Imperador parece que não ligou muita importância à carta do Papa, mas o Duque de Caxias propôs ao Imperador uma anistia. O Imperador hesitava. Por razões políticas, caiu o gabinete do Visconde do Rio Branco e o Duque de Caxias foi chamado para sucedê-lo. Ele aceitou com a condição de conceder anistia aos bispos. Finalmente, o Imperador teve que aceitar e, em 17 de Setembro de 1875, decreta a anistia que liberta D. Vital e os demais presos. Logo em Outubro D. Vital vai a Roma onde é recebido paternalmente e com alegria por Pio IX (o Papa, comovido, só o chamava de "Mio Caro Olinda", "Mio Caro Olinda") mas, ao visitar o Cardeal Antonelli, em seguida, foi recebido com as seguintes palavras: "Eu não havia escrito a V. Excia. mandando levantar o interdito e publicar minha carta?..." D. Macedo Soares, aliás, dá notícia de que a presença de D. Vital em Roma causara sinais de contrariedade em "certas rodas". D. Vital respondeu pedindo as instruções precisas e Antonelli as deu. No novo encontro do dia seguinte com Pio IX, D. Vital mostrou ao Papa o que o Cardeal Antonelli lhe havia dado e o assombro do Papa foi enorme. Pio IX pede um relatório a D. Vital e este lho entrega dias depois, mostrando que a carta de D. Antonelli representava desdizer os Breves anteriores. Pio IX reúne uma comissão de Cardeais e teólogos aos quais D. Vital fez uma exposição escrita e outra oral. Pelo jeito, comparecera gente hostil. A impressão que nos fica é a de que o Cardeal Antonelli, se não era maçom, era pelo menos liberal e antipatizava com D. Vital. Finalmente o Papa beija Dom Vital, manifesta-lhe apoio e publica a Encíclica "Exortae" em que condenava mais uma vez a Maçonaria e apoiava os bispos brasileiros mas, ao mesmo tempo, o Cardeal Antonelli, autorizado pelo Papa, telegrafou ao Núncio no Brasil mandando suspender os interditos das Irmandades sem a exigência de prévia eliminação dos maçons. São dessas coisas... Em todo caso, houve a reiteração da condenação dos maçons. Bem... Há que se conviver com isso, pelo menos naquele tempo... Afinal, hoje seria pior.

D. Vital visita diversos lugares e amigos em França e na Itália. Volta a Recife, onde procura recompor as instituições fechadas, especialmente o Seminário e recuperar os recursos negados pelo Governo. Afinal, consegue os recursos e reabre o Seminário. Faz visitas pastorais, mas sua saúde, sempre precária, abate-o e ele tem de voltar à Europa para tratar-se, ajudado pela Princesa Isabel. Da França escreve ao Papa, pedindo que aceitasse sua renúncia. O Papa pede-lhe que espere e se trate. No Brasil subia ao Governo um dos mais rancorosos maçons, Saldanha Marinho. Pio IX morre em fevereiro de 1878 e pouco depois morre D. Vital, aos 33 anos de idade, em Paris. Seu corpo foi enterrado na cripta dos franciscanos em Versalhes, de onde, mais tarde, foi trasladado para o Recife. Está enterrado na Basílica de N. Sra. da Penha, em Recife.

Termina um pouco melancolicamente esta bela página de nossa história católica, mas não é culpa dele, D. Vital, e nem sequer dos católicos brasileiros, o que há de melancolia nela. Exceto num ponto: falta dizer que hoje, para infinita vergonha dos católicos brasileiros, mancha a diocese de Olinda e Recife um indivíduo (será ainda bispo?), Dom Helder Camara, exemplar bem representativo daqueles eclesiásticos brasileiros cujo vazio interior Gustavo Corção havia notado, conforme artigo que publicamos em nosso número 148-149. Estes eclesiásticos, como pretexto do que chamam "opção pelos pobres", não escondem e todos os dias, ao contrário, publicam suas afinidades e simpatias com o pior, mais grotesco e estúpido subproduto da maçonaria, que é o comunismo, intrinsecamente perverso, assim condenado explicitamente por Pio XI. Encontraram no comunismo, parece, uma terrível solução para o vazio espiritual em que viviam. Ali, na simpatia pelos agitadores e subversivos, no ativismo temporal que não tem tempo para os "moralismos" puderam, finalmente, achar sentido para suas vidas. E se isto que dizemos parece excessivo, lembro que são eles mesmos que no-lo dizem todos os dias.

*Júlio Fleichman

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Serva de Deus Isabel Cristina

Sua História

Isabel Cristina nasceu em 29 de julho de 1962, em Barbacena, morou com seus pais e um irmão nessa cidade até iniciar o Pré-Vestibular, em 1982, quando mudou-se para Juiz de fora.

Queria fazer Medicina e, em abril, foi morar num apartamento com uma prima e duas amigas. Em 15 de agosto mudou-se para outro apartamento, com seu irmão, quando compraram uma geladeira, um ferro elétrico e um armário, este a ser montado e que seria a causa de seu martírio. No dia 30, o montador esteve em seu apartamento e disse-lhe palavras obscenas, também não terminando de montar o armário, o que ela depois contou ao irmão e a amigas do pré-vestibular.

No dia seguinte, o mesmo homem voltou para completar o serviço e, então, tentou violentar Isabel Cristina: deu-lhe uma cadeirada na cabeça; ela caiu, e foi amarrada com cordas e cintos, amordaçada com pedaços de lençol, e teve as roupas tiradas e rasgadas. O criminoso aumentou o volume do rádio e da TV para abafar os barulhos; Isabel Cristina resistia; e ele desferiu-lhe 15 facadas, sendo duas nos órgãos genitais e 13 nas costas.

A perícia médica constatou na autópsia, no entanto, que a moça não fora violentada, pois conseguiu resistir com vigor, conforme provavam marcas bem visíveis de unhadas nas coxas; permaneceu virgem, e só as duas facadas “romperam” suas partes íntimas, ficando o útero ileso. Tal morte, tal vida. Apesar de ter namorado, manteve-se virgem, pois seu namoro era puro, caseiro, sem abusos. Recatada, de freqüência às Missas e sacramentos, gostava de cuidar de deficientes físicos e, na escola, sempre dava atenção especial às meninas mais pobres.

Ao ser martirizada, usava o Terço de dedo, que sempre rezava. Apesar de não ser membro declarado das Conferências Vicentinas, ela o era de coração, tendo participado de diversas atividades do movimento, incluindo viagens pelas cidades próximas. Filha do então presidente do Conselho Central de Barbacena, José Mendes Campos, tinha também em sua mãe, Helena Mrad Campos, e no irmão, Paulo Roberto, exemplos de Vicentinos.

Era comum vê-la ajudando nos encontros dos Vicentinos, e nas visitas brincando com as crianças pobres ou dando de comer aos velhinhos, servindo-os na boca com todo carinho. Eram gestos típicos da Serva de Deus.

Processo de Beatificação

No dia 26 de janeiro de 2001, em Barbacena, foi instalado o processo de beatificação e Isabel Cristina recebeu do Vaticano o título de Serva de Deus.

Dia 1º de Setembro de 2009 foi concluida a fase Diocesana do processo de beatificação da serva de Deus Isabel Cristina Mrad Campos. Agora q que se recolheu de documentos, testemunhos, escritos será enviado a Roma para o início da fase romana do processo.

Oração

Pai, Filho e Espirito Santo, adoramos-Vos e bendizemos-Vos pela força e coragem que dais a muitos de vossos filhos. Há tantas almas generosas, que nos elevam pelo seu exemplo!

Sede louvada, Trindade Santa, na pessoa de Isabel Cristina, que deu a vida em defesa de sua pureza e virgindade. Daí-nos a graça de imitá-la e, se for de Vosso agrado, concedei-lhe a honra dos altares, como recompensa de sua obração. Assim Seja.